Photo(grafia) na escola
Fala comunidade,
Será que a fotografia pode ser um recurso didático? A fotografia pode ser uma estratégia metodológica de ensino e aprendizagens? Uma imagem é o mesmo que uma fotografia? Hoje, com o advento das tecnologias da informação e da comunicação, em especial os dispositivos móveis como instrumento de captura e as redes sociais como suporte de difusão e compartilhamento, a imagem pode ser uma forma mais dinâmica e um poderoso instrumento de aprendizagem e diálogo no mundo globalizado, já que a escrita visual independe de entendimento direto, no que se refere à linguística, amplificando o modo de se expressar, por meio da interpretação imagética. Uma fotografia se difere de uma imagem, porque necessita sempre de uma intenção! A fotografia propõe ser um discurso cultural, documental e de memória, logo, necessita ser pensada e estruturada com tal. A imagem é feita instantaneamente, muitas vezes sem intencionalidades e é facilmente descartada no tempo e espaço, principalmente nos moldes atuais de comunicabilidades.

A Educação, em suas metodologias de ensino e aprendizagem e a arte fotográfica, devem construir um diálogo de proximidades possíveis na produção e gestão do conhecimento. Neste sentido, sugerimos ir além da complementação textual, estimulando a pesquisa, produção, regionalização e criticidade dos conteúdos trabalhados em todas as áreas do conhecimento. Devemos também, sempre que possível, ampliar a percepção simples da imagem, que antes era vista como elemento descartável, como sendo apenas um registro de um momento alegre e lúdico ou um complemento ilustrativo de um texto. A fotografia deve ser compreendida como uma narrativa própria e com características formativas e discursivas no contexto escolar.
Fig. 2: Alunos em aula de fotografia, Porto Seguro – BA. Foto: Peterson Azevedo
A fotografia na escola, deve ser pensada, como instrumento dialógico, crítico no tempo e no espaço, problematizando e contextualizando as relações que se estabelecem no território e suas implicações sociais. A imagem fotográfica produzida, deve ser entendida e interpretada como sendo parte conceitual e identitária do seu interlocutor. Quem fotografa conta sua história, quem é fotografado se vê na história e quem vê a fotografia também faz uma imersão na sua própria história de vida. John Dewey e Edmund Feldman (1998), propõem uma abordagem de como a fotografia pode ser uma excelente estratégia metodológica na Escola, eles propõem que observemos as seguintes etapas metodológicas:
-
Aquecendo o olhar – nesta etapa propõe-se que os alunos e professores exercitem o olhar pesquisando fotógrafos clássicos e contemporâneos, fotógrafos regionais. O objetivo aqui é não para fazer uma analise comparativa, mas propor para a contemplação imagética, observando simplesmente as nuances da foto, descrevendo o que se vê e o que se percebe;
-
Sentindo e Interpretando – expressar suas sensações, emoções e ideias, despertados a partir da fotografia;
-
Fundamentando – oferecer elementos contextuais da imagens (se existir), ampliar o conhecimento e não o convencimento do educando a respeito dos elementos fotografados;
-
Produzir e ressignificar – propor uma imersão fotográfica de um determinada temática, levando sempre em consideração o pensar as etapas anteriores como elemento da narrativa. Nesse contexto, deve-se ter sempre como objetivo, propor um olhar com mais criticidade, contextualização e regionalismo.
A fotografia pode ser um elemento de diálogo muito mais efetivo nas novas formas para nos comunicarmos e entendermos o mundo em a nossa volta. Ela pode ser um elemento de aproximação e emancipação da escola na sociedade contemporânea, pois, a partir de uma produção fotográfica autoral, podemos contar nossas histórias, sem influências e interferências, dos que controlam e comandam o fazer pedagógico, político e social do em nossos espaços geográficos. Nós devemos ser autores de nosso discurso, seja oral, escrito ou imagético.
Fig. 3: Índia Pankararé. Foto: Peterson Azevedo
Geógrafo, fotógrafo e professor da Rede Anísio Teixeira – SEC – Estadual da Educação da Bahia.
REFERÊNCIAS
Excelente texto!
Sempre juntos, por uma educação pública de qualidade. Juntos somos mais.