CENTENÁRIO DO SAMBA
Olá, galera!
Entre sons e rimas, atabaques e agogôs, danças e rituais, músicas e filmes, dramaturgias e palestras, o mês de novembro vem se consolidando como o período do nosso calendário especialmente dedicado aos eventos alusivos à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. Tal fato está diretamente atrelado, também, ao Dia 20 de novembro “Dia Nacional da Consciência Negra”. A data é marcada pela luta contra o preconceito no Brasil e foi instituída, criada e incluída no calendário escolar em 2003 , instituído em âmbito nacional mediante a Lei 12.519/11.
São de caráter iminente: enaltecer, empoderar e posicionar a população negra em seu lugar de protagonista na nossa sociedade. Mas nem tudo são “flores”! Vivemos num país paradoxal, onde, segundo dados do IBGE, 54% da população é negra – maioria, portanto – e continua como alvo de práticas racistas.
Somos a segunda maior população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria, país da África. Para além da reflexão sobre a valoração do negro como sujeito sócio- histórico da nossa sociedade, cabe constante discurso de fortalecimento das já existentes e de novas políticas de enfrentamento ao racismo e de promoção à igualdade racial. Mudanças significativas vêm ocorrendo no país , ocasionando debates na sociedade sobre a importância das políticas de ações afirmativas.
O discurso sobre políticas de redistribuição e políticas de reconhecimento precisa estar presente no dia a dia nacional. Não cabe esperar o mês de novembro chegar para que os discursos sejam intensificados e materializados.
As novas diretrizes curriculares propostas na Lei 10.639/03 sugerem que, para o estudo da história e cultura afro-brasileira e africana, professores e alunos da educação básica trabalhem a temática de forma a destacar a importância da cultura afro-brasileira para formação da nossa sociedade, onde os negros são sujeitos históricos. Desta forma, devem enaltecer os grandes intelectuais negros, a cultura (música, dança e culinária), e as religiões de matrizes africanas.
Objetivando atender às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, as professoras: Nancy Borges , Elenilda Almeida , Maria Ilza de O. Melo e a coordenadora Sueli Fernandes Moura do Colégio Estadual de Aplicação Anísio Teixeira – CEAAT, localizado na Estrada da Muriçoca – Salvador/Ba., lançaram e coordenaram o projeto CEM ANOS DE SAMBA, com o apoio dos professores das demais áreas de conhecimento.
A escolha do tema , segundo a professora Nancy Borges(idealizadora do projeto), foi devido ao fato de 2016 ser o ano de comemoração do centenário do samba e de ele ter nascido na Bahia, evidenciando suas contribuições para a afirmação da identidade afro-brasileira por meio da resistência política e cultural que se deu desde o nascimento deste novo ritmo musical que saiu dos morros para encantar o mundo.
Os estudantes abraçaram a ideia do projeto.Foram trabalhados, especificamente: samba, compositores, instrumentos musicais, variações do samba, sambas antigos e contemporâneos.Cada turma trabalhou um tema , recebeu orientação dos professores para os trabalhos de pesquisa e organização das apresentações.
Para a professora Vitória Santana, “os estudantes assimilaram bastante a ideia. O objetivo era que eles conhecessem o surgimento do samba no Brasil.Eles fizeram um passeio, uma viagem dos cem anos de samba através da cultura, das dança e músicas.”
Os temas foram apresentados através de exposições de murais e de estudos de instrumentos musicais utilizados no samba, de seminários, de palestras, de músicas, de danças, de roda de samba e de exibição de filmes(essas atividades foram realizadas ao longo do mês de outubro).
A culminância ocorreu nos dias 16 e 17 de novembro ,com apresentação de painéis, jogos, desfiles, danças e músicas.
Fig. 1 : Apresentações do projeto CEM ANOS DE SAMBA. Fotos cedidas pelos professores do CEAAT.
Estudante do 3.º ano A do CEAAT,Tahiná Coelho nos falou que “esse ano o Projeto Afro comemorou cem anos de samba.Ele é muito importante porque ensinou a todos os alunos que não existe só uma modalidade de samba. A gente aprende muito, não só na prática de estudar,mas criando também.” Para o aluno Gabriel ,do 2.º ano matutino,“o projeto foi muito interessante e interativo.Aprendi bastante com os alunos, aprendi bastante com o assunto e aprendi bastante sobre a cultura do samba.O samba ele fez parte da minha vida e faz parte da vida de muita gente.Esse projeto incentivou muita gente a saber mais sobre a cultura do samba.Cultivem a nossa cultura que é isso que vai para frente”.
Fig. 2 : Professores e alunas do CEAAT. Foto : Ana Rita Medrado.
Para o professor Roberto Fernando dos S. Cerqueira, “a força criativa dos alunos é o que nos move. Com o improviso feito com a ajuda dos professores, os alunos conseguem dar um salto qualitativo e fica tudo lindo de se ver. Parabenizo aos professores e alunos pelas apresentações”.
Até o próximo!
Ana Rita Medrado
Professora da Rede Estadual de Ensino
Referências:
http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/lei-10639-03-ensino-historia-cultura-afro-brasileira-africana.htm
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2015/12/04/negros-representam-54-da-populacao-do-pais-mas-sao-so-17-dos-mais-ricos.htm
http://www.seppir.gov.br/central-de-conteudos/noticias/2016/03-marco/seppir-debate-enfrentamento-ao-racismo-e-politicas-sobre-drogas-em-reuniao-da-onu
https://pt.wikipedia.org/wiki/Racismo_no_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%A3o_afirmativa
Ana Rita, parabéns pela excelente matéria. Realmente você faz a diferença.